O que fazer quando o sentimento precisa ser expressado além de ações? “Poemas absurdos, amores banais” se trata exatamente disso, saciar a vontade de exprimir sentimentos. Colocar amor em palavras. Essa parece ser uma missão difícil, mas Juan Viera faz isso com tamanha elegância e talento que é quase impossível não se sentir embriagado pelo sentimento.
Eu nunca escrevi uma resenha sobre um livro de poemas e nunca pensei que escreveria, afinal, poemas são subjetivos e complexos demais para se prenderem ao conjuntos de palavras presente em uma resenha. Contudo, apesar de acreditar piamente nisso, posso expressar os sentimentos que essa obra me trouxe.
Juan Vieira é simplesmente brilhante. É muito nítido para o leitor o tamanho da sua paixão pela escrita. O autor tem a linda habilidade de transformar algo simples e cotidiano em poesia. Te traz novos ares e te desenvolve uma nova maneira de enxergar as coisas usuais. Confesso que marquei vários poemas como preferidos e alguns até escrevi por ai.
Poesia tem a missão de transformar nossas vidas, abrir nossas cabeças e clarear nossa visão. Juan nos prova isso de maneira deliciosa e delicada nessa obra.
Dias Empoeirados
Uma pequena dor se estabelece
O que não era nada, agora cresce
E o que parece só parece…
Algo me incomoda, ali acomoda.
A melancolia agora é moda
E o pensamento vira roda e sai por aí…
São tantas esquinas, quantos quarterões?
É, eu tô precisando pôr o pé na estrada
Sair sem pensar no pódio de chegada
Para esquecer todas as minhas ilusões.
Dias empoeirados, monotonia agridoce.
Jogo-me na cama e agradeço o ventilador,
pois se existe algo de concreto
no meio da minha confusão:
é o vento que bagunça meu cabelo.
— Juan Vieira